quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Algumas curiosidades sobre o livro: 


1- Parte dos textos foram editados e corrigidos por mim dentro de hospitais e clínicas enquanto o autor estava em tratamento (2008/2009).
2- Algumas histórias e prosas envolvidas estavam escritas em pedaços de papel e até em guardanapos (nunca se sabe quando pinta uma boa ideia, não é mesmo? E escritor que se preza não desperdiça a ideia, registra-a na hora) rs.
3- Também foram utilizados pelo escritor folhetos de propaganda e versos de cartazes (quem o conheceu sabe que não desperdiçava nem uma folha de papel).
4- Tudo estava escrito à mão ou datilografado e o trabalho de digitar os textos foi iniciado em 2007 enquanto eu morava em Viçosa/MG.
5- A maior parte da digitação foi feita pelos netos Ronan e Ramon (filhos de Ângela) em Viçosa. Por livre e espontânea "pressão": só poderiam jogar no PC depois de digitarem umas 2 páginas por dia. Estratégia & educação. hehe
6- Outra boa parte foi digitada no cartório em Marliéria por Marilene (cunhada).
7- Outra boa parte por mim e em vários lugares: Timóteo, Viçosa, Marliéria (eu nunca fico quieta mesmo).
8- O livro foi uma terapia: para o escritor e também para organizadora.
9- A correção/edição era interrompida sempre às 17h30. Motivo: horário da Malhação - e o autor não perdia um capítulo. rsrs
10- Mais curiosidades no próximo capítulo. 

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Um dos últimos registros feitos do autor em um dos lugares que mais gostava de apreciar - no alto do Jacroá - admirando a imensidão da natureza, contando histórias sobre a vinda dos bandeirantes, as primeiras colônias e fazendas e tentando contar quantas lagoas do Parque Estadual do Rio Doce conseguia ver; além de indicar a direção das cidades e lugarejos ao longe, como Baixa Verde, Dionísio e a BR-262.

Um pouco mais da história...

Sesmarias em Babilônia e região

              Na época do Império no Brasil, o sistema de distribuição de terras era a concessão de sesmarias. O Imperador atendia aos pedidos outorgando documentos de concessão de grandes levas ou “datas” de terras para quem pedia. Eram grandes extensões, considerando as medidas atuais e abrangiam muitos alqueires, enormes fazendas ou mesmo regiões rurais, tais como: Fazenda dos Assis, Oncinha, Lourenço, Guarani, Onça, Trindade, etc. Temos documentos lavrados no século XIX que se referem a uma divisão de sesmaria de terras que abrangiam os lugares chamados de Paiol, Brejaúba, Lourenço, Goiabeira e vizinhanças: Eugênio, Guarani, Oncinha.
Os proprietários eram considerados pessoas de grande prestígio e tinham os títulos honoríficos de membros da Guarda Nacional, tais como Capitão, Major, Coronel, Alferes. Exemplos: Capitão Manoel Caetano Gonçalves Correa, grande proprietário de terras na região do Alfié; Major José Martins Carneiro, o Sr. “Juca  Martins”, farmacêutico e poderoso comerciante da Babilônia; Coronel Carvalho de Brito em Antônio Dias; Barão do Alfié; Capitão Quintão e Capitão Juca Felicíssimo; também em terras babilonenses.
Desse modo, o Império Brasileiro tinha como uma de suas províncias a de Minas Gerais, cuja capital era Vila Rica. E as subdivisões seguiam: Termo de Sabará, Comarca de Caeté, município de Rio Piracicaba, distrito de Itabira do Mato Dentro, povoado de Santana do Alfié, vila de Antônio Dias Abaixo, arraial de Onça Grande, sesmaria de Onça Pequena. E esta era composta dos terrenos de Mata do Silva, São Bento, Olaria, Limoeiro, Braúna, Cachoeira, Inhame, Buraco, Paiol e outros.
Nos tempos de antanho, quando os longevos ganharam estas terras para serem cultivadas, a sesmaria constava desde as nascentes e vertentes das cabeceiras do ribeirão Onça Grande e seus afluentes até a barra da Jacuba, onde começava outra sesmaria do antigo São José do Grama. Com o passar dos anos, outros proprietários foram se apossando de glebas circunvizinhas e devastando matas para plantar roças de subsistência do incipiente lugar. 
E as famílias foram se fixando nas diversas regiões rurais: família Quintão na Boa Vista, Olaria, Santo Inácio, Santa Cruz, São Bento, Silva, etc. Os Castro no Ribeirão da Onça, Paciência, Derrubado. Os Moreira da Silva na Braúna. Por aqui foram os Ernesto da Cruz na Conquista e Cedro. Um exemplo foi Tio Totone que da Onça veio pela Casa Nova e Gil até o São Domingos.
(trecho do livro Eta Babilônia!)

sexta-feira, 13 de abril de 2012

A Vida na Fazenda II

 “Vai buscar, indé, na roça do Sô Bulé. Entra sol, cai sereno, o serviço tá rendendo”! E a companheirada, os trabalhadores, cada vez que ouviam essas frases, se animavam, gritavam, assobiavam e as ferramentas iam só para frente. Quando olhava para trás, via aquela imensidão de serviço feito: era capina ou “bateção” de pasto, fosse o que fosse, o certo é que o serviço aparecia.
            Mas também pudera! Com o patrão ali perto a comandar, dirigir os trabalhos, mandar fazer como queria que fosse feito. E era um Deus nos acuda, uma pressa de acabar. O movimento da turma, aquela fila no meio da ladeira, quando estava batendo pasto, era bonito de se ver. Uns 15 a 20 homens a fazer as foices brilharem ao sol. Tinha os da beirada, os contra-beirada, o do meio. Pião central manobrava conforme o tipo do terreno, o corte do eito. Um na beirada subia, outro escorava embaixo, dava um retumbo, lambia os altos do espigão tudo e buscava outro lá na frente. E o pasto da Peroba, aquela ladeira enorme ficava limpinho, que só vendo.
            Sô Antônio de Assis, por muitos conhecidos por “Sontone” era o tipo de fazendeiro cuidadoso. Dava valor a tudo. Tudo para ele tinha valor. E para o bem dele e dos companheiros é que ia pro mato também. Se a turma era grande, como quase sempre era, na época de bateção de pasto, ele ficava ali perto do eito, numa sombra, numa moita debaixo de uma árvore a vigiar, a mandar, a controlar o serviço. Determinava quem seria o “bombeiro”: buscador de água, carregador de cabaça d’água. Tinha que enchê-la no córrego e subir a ladeira com aquela cabaça grande, pesada e o cuité. Passando de mão em mão repartia água para todos e voltava de novo a enchê-la e subir o morro, guardando numa moita, na sombra pra não esquentar.   (trecho extraído do livro ETA BABILONIA! - direitos autorais adquiridos)

E esse imenso vale é descoberto...

Um pouco da história da região...

Perambulando pelos ínvios caminhos e trilhas das Minas Gerais os primeiros viajantes, chamados e conhecidos por bandeirantes, quando se deram conta estavam promovendo o desmatamento e implantando o povoamento nestas plagas. Oriundos das regiões auríferas em decadência, quando escasseava este metal, os brancos e desbravadores vieram abrindo caminhos pelas matas e cerrados, através dos espigões e grotões, à procura de novas paragens onde poderiam se estabelecer, cuidando de novas plantações e criações, ou mesmo à cata de ouro. Enfrentando e afugentando, quando não matando bichos e índios, aos poucos foram dominando e apossando de novos pedaços de chão.
Subindo e descendo ladeiras, saltando e atravessando córregos e ribeirões, vieram dar com os costados nesta terra, onde se viram obrigados a levantar algumas barracas para se abrigarem das intempéries. Com fogueiras acesas dia e noite para afugentar onças e índios, foram tirando madeiras, taquaras, cipós e bambus para armar os barracos, muitos de um só cômodo, por causa da pressa e necessidade de se abrigar. E ali fora, no incipiente terreiro, levantavam um fogão rústico, ou mesmo uma fornalha.
Aos poucos uma horta e um quintal eram plantados. Uns roçados onde faziam suas roças de milho e feijão, mandioca e batata. Nas beiras dos córregos o arroz era saneado. Um chiqueiro e um cercado para os poucos porcos que de longe traziam. E a vida ia em frente, porque aos poucos vinha mais gente. Assim foi que, vindos dos lados de lá da serra, lá pelas bandas do arraial do Alfié, passando pelos lugares hoje conhecidos como Lourenço, Estiva, Água Limpa, Misericórdia, Monjolo, Santo Inácio, Oncinha, Marianos, Trindade, Boa Vista, entre outros, dominaram a região da Onça.

Convite para o lançamento- pessoas especiais envolvidas


História de Marliéria em livro

Na época, o lançamento do livro foi divulgado em alguns jornais e rádios. Posto aqui parte da versão online do jornal O Tempo, só pra gente não perder cada pedacinho desse acontecimento que foi a alegria e realização de um sonho do meu pai e que se tornou meu também, é claro =).

A história da formação da cidade de Marliéria, escrita por Jurandir de Assis Castro, está no livro "Êta Babilônia". O lançamento será hoje, às 14h, na Escola Estadual Liberato de Castro, em Marliéria, cidade localizada no Vale do Rio Doce, a 192 km de Belo Horizonte. Jurandir, antigo morador do município, dá sua versão histórica narrando fatos, mas também com curiosidades, causos e imagens. A edição contou com organização da jornalista Arlaine Castro, filha do autor.

Publicado em: 10/10/2009 www.otempo.com.br

ETA BABILÔNIA- A OBRA

Êta Babilônia! é a expressão das lembranças e conhecimentos de um marlierense que tem pela terra natal enorme apego e carinho. Pelos antepassados e pela história da cidade uma paixão. E na vida um sonho: transformar em livro tudo o que escreveu durante anos sobre o cotidiano da antiga Babilônia: sua origem, primeiras construções, primeiras famílias, casas, ruas e comércio. 
Por meio de fatos, curiosidades, causos, documentos e imagens ele nos conta como tudo começou - desde o Arraial de Onça Grande, passando por Babilônia até a atual Marliéria. Para que a história da cidade seja preservada e os mais novos possam conhecer e valorizar seus antepassados, suas raízes. Como ele mesmo diz: “É conhecendo o passado que se entende o presente e se projeta o futuro”. 
Organizar esta obra foi colaborar para a realização do sonho de um dos primeiros professores do Ginásio, de um escrivão conhecido por todos e principalmente de um morador que aqui nasceu, cresceu e formou sua família. Foi a oportunidade de aprofundar na história de Marliéria e apaixonar ainda mais por ela.

Arlaine Castro
Organizadora