sexta-feira, 13 de abril de 2012

A Vida na Fazenda II

 “Vai buscar, indé, na roça do Sô Bulé. Entra sol, cai sereno, o serviço tá rendendo”! E a companheirada, os trabalhadores, cada vez que ouviam essas frases, se animavam, gritavam, assobiavam e as ferramentas iam só para frente. Quando olhava para trás, via aquela imensidão de serviço feito: era capina ou “bateção” de pasto, fosse o que fosse, o certo é que o serviço aparecia.
            Mas também pudera! Com o patrão ali perto a comandar, dirigir os trabalhos, mandar fazer como queria que fosse feito. E era um Deus nos acuda, uma pressa de acabar. O movimento da turma, aquela fila no meio da ladeira, quando estava batendo pasto, era bonito de se ver. Uns 15 a 20 homens a fazer as foices brilharem ao sol. Tinha os da beirada, os contra-beirada, o do meio. Pião central manobrava conforme o tipo do terreno, o corte do eito. Um na beirada subia, outro escorava embaixo, dava um retumbo, lambia os altos do espigão tudo e buscava outro lá na frente. E o pasto da Peroba, aquela ladeira enorme ficava limpinho, que só vendo.
            Sô Antônio de Assis, por muitos conhecidos por “Sontone” era o tipo de fazendeiro cuidadoso. Dava valor a tudo. Tudo para ele tinha valor. E para o bem dele e dos companheiros é que ia pro mato também. Se a turma era grande, como quase sempre era, na época de bateção de pasto, ele ficava ali perto do eito, numa sombra, numa moita debaixo de uma árvore a vigiar, a mandar, a controlar o serviço. Determinava quem seria o “bombeiro”: buscador de água, carregador de cabaça d’água. Tinha que enchê-la no córrego e subir a ladeira com aquela cabaça grande, pesada e o cuité. Passando de mão em mão repartia água para todos e voltava de novo a enchê-la e subir o morro, guardando numa moita, na sombra pra não esquentar.   (trecho extraído do livro ETA BABILONIA! - direitos autorais adquiridos)

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